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Ao engravidar, a filha pode se reaproximar de sua mãe, tomando-a novamente como um referencial
Ao engravidar, a filha pode se reaproximar de sua mãe, tomando-a novamente como um referencial| Foto: Bigstock

Uma vida inteira é pouco para compreender todas as preocupações, comportamentos e atitudes de uma mãe que ama seus filhos, especialmente no relacionamento com a filha. A psicóloga e professora adjunta da PUCPR, Mari Angela Calderari Oliveira, explica que a relação entre mãe e filha é construída a partir das diferenças sobre expectativa materna e o teor dos vínculos que são estabelecidos entre elas. Ainda, de acordo com ela, as filhas têm em suas mães, durante a infância, o referencial para a construção de sua personalidade.

Mas quando a menina entra na adolescência ou na fase adulta, ela tem a necessidade de quebrar essa lealdade da relação com a mãe, para começar a construir a própria vida. Esse distanciamento é importante para que a mulher se fortaleça em seu próprio núcleo familiar, porém, não significa que as referências iniciais deixarão de estar presentes na construção de seus novos papéis como esposa e mãe. Por isso, mesmo com a ruptura, ela certamente voltará a se identificar com seus laços maternos. “A negação do referencial – ‘eu vou fazer diferente’, ‘eu sofri quando minha mãe fez isso e com meus filhos vai ser diferente’ – é essencial para que a mãe que vai nascer se desenvolva exatamente nessas contradições”, aponta a psicóloga.

É por esse motivo que ao engravidar essa filha pode se reaproximar de sua mãe, tomando-a novamente como um referencial. Isso acontece principalmente se aqueles vínculos formados na infância foram bem configurados. O distanciamento é natural, mas para Mari Angela, o fato de a filha enfrentar as dificuldades e as delícias da maternidade vai permitir que ela ressignifique muitas coisas vividas com essa mãe – tanto o que é bom, quanto o que sempre lhe pareceu ruim. “Isso faz parte da vida e do amadurecimento. E não é só a filha que muda, mas a mãe dela também, quando a agora avó passa a olhar para a vida de forma diferente”, explica. “Eu, como avó, consegui pensar em vivências que tive com as minhas filhas e pude me reorganizar também. Depois que os netos vieram, a relação entre nós ficou muito mais leve, tranquila, de menos cobrança”, acrescenta

Conselhos que passaram a ter todo sentido

Antes da maternidade, a médica veterinária Suelen Dal Pozzo de Souza, achava sua mãe bastante rígida, não entendia suas atitudes de proteção e ficava chateada com as regras impostas, especialmente na adolescência. Mas após o nascimento do seu filho Arthur, em 2019, a visão passou a ser outra. “Comecei a entender o porquê de todas as atitudes que ela sempre teve, passei a ver o mundo com olhos de mãe e ver o quanto sou parecida com ela em diversos sentidos”, conta. Mesmo sabendo que haveria mudanças, a veterinária não imaginou que tudo seria tão rápido e intenso.

Idina Dal Pozzo foi para a cidade em que a filha mora nos primeiros meses de vida do pequeno Arthur. Essa necessidade se tornou mais uma oportunidade de aprendizado e união entre as duas. “Passamos a compartilhar todo o amor que sentimos por ele, a ouvir mais uma a outra, melhorando o nosso diálogo e nossa relação interpessoal”, afirma Suelen. Os conselhos de mãe também passaram a ter mais valor, principalmente nos cuidados com o bebê. “Estar com alguém que já foi mãe e que te ensina como cuidar e o que fazer em cada momento é muito gratificante quando se está perdida. Além de constatar que tudo o que ela sempre falou fazia sentido”, finaliza Suelen.

Esse conteúdo originalmente foi publicado no portal Sempre Família em 29/4/2019.

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